quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

“O QUE SIGNIFICA PROPRIAMENTE O SACRAMENTO?”

Nestes primeiros dias de dezembro, tempo em que os fiéis católicos esperam, com muita esperança, a vinda do Senhor (Advento), publicarei o resumo de um texto referente aos sacramentos da Igreja. O material original foi produzido por Leonardo Boff e se chama "O que significa propriamente o sacramento?", que é o mesmo título deste post. Fiz este trabalho, inicialmente, para obter a nota da unidade na disciplina Sacramentos I, na Universidade Católica do Salvador. Ao entregar o material ao docente, ontem, senti a necessidade de compartilhar estas informações. Leonardo Boff foi muito feliz neste texto. Ele buscou fazer um levantamento histórico acerca do verdadeiro sentido do sacramento cristão, além da evolução do termo sacramento ao longo dos séculos.
Como o material é um pouco extenso, não postarei ele de vez. Ao longo destes dias, de modo ininterrupto, publicarei este texto, a fim de que possamos compreender as raízes de elementos que compõem a nossa fé. Desejo a você uma boa leitura:

“O QUE SIGNIFICA PROPRIAMENTE O SACRAMENTO?”

         Antes de apresentarmos o resumo do texto criado por Leonardo Boff, acreditamos que é de fundamental importância exibir o que a Igreja pensa sobre os sacramentos, tendo como fontes o Catecismo da Igreja Católica e o documento conciliar Sacrosanctum Concilium. Começamos, então, pelo Catecismo:


A palavra grega “mysterion” foi traduzida para o latim por dois termos: “mysterium” e “sacramentum”. Na interpretação ulterior, o termo “sacramentum” exprime mais o sinal visível da realidade escondida da salvação, indicada pelo termo “mysterium”. Neste sentido, Cristo mesmo é o mistério da salvação: “Non est enim aliud Dei mysterium, nisi Christus – Pois não existe outro mistério de Deus a não ser Cristo”. A obra salvífica de sua humanidade santa e santificante é o sacramento da salvação que se manifesta e age nos sacramentos da Igreja (que as Igrejas do Oriente denominam também “os santos mistérios”). Os sete sacramentos são os sinais e os instrumentos pelos quais o Espírito Santo difunde a graça de Cristo, que é a Cabeça, na Igreja, que é seu corpo. A Igreja contém, portanto, e comunica a graça invisível que ela significa. É neste sentido analógico que ela é chamada de “sacramento”.

         A Constituição Sacrosanctum Concilium afirma que os sacramentos:

Se destinam à santificação dos seres humanos, à edificação do corpo de Cristo e, finalmente, ao culto que se deve a Deus. Como sinais, visam também à instrução. Requerem a fé, mas também a alimentam, sustentam e exprimem, com palavras e coisas, merecendo, por isso, ser chamados sacramentos da fé. Conferem a graça, mas também dispõem os fiéis a recebê-la frutuosamente, prestar o devido culto a Deus e exercer a caridade.

         Estas duas citações remetem à visão da Igreja, atualmente, sobre a questão dos sacramentos. Nossa metodologia foi aplicá-la logo no início. Por quê? Assim, conhecendo o conceito atual de sacramento, podemos observar a sua evolução histórica, além de detectar o horizonte e a experiência vital que se condensa neste termo. Este processo evolutivo é o que podemos observar no artigo de Leonardo Boff. A partir de agora, apresentaremos os principais pontos acerca deste trabalho.
         O artigo é dividido em alguns tópicos: Sacramento como mysterion: o plano salvífico de Deus; Mysterium-sacramentum como signum sacrum; Mysterium-sacramentum como os mistérios cristãos; Mysterium-sacramentum como mistérios litúrgicos; Mysterium-sacramentum como os sete sacramentos e a síntese do artigo. Estes temas vão abordando questões particulares e, no final, chegamos a uma unidade conceitual. Pontos que podemos destacar como colaboradores desta integração são: há uma relação no sacramento que envolve o divino e o humano, o visível e o invisível, o temporal e o eterno, o significante (som da palavra) e o gesto simbólico (expressão significativa); o sacramento e a sua atualidade para o nosso tempo, observando que, se hoje o mundo é diferente de ontem, é fundamental uma nova sacramentologia.
         Vejamos os principais pontos sobre os sacramentos:
     Sacramento como mysterion: o plano salvífico de Deus. A primeira questão que observamos é referente ao uso da nomenclatura sacramentum. No Novo Testamento, sacramentum é sinônimo de mysterion. Esta tradição já existia desde os primeiros tradutores das Sagradas Escrituras (antes mesmo de Tertuliano, +220). Aqueles que foram responsáveis em traduzir a Bíblia não introduziram novos termos, equiparando, então, sacramentum a mysterion, algo já realizado pelo povo daquela época. Logo, surgem três perguntas referentes aos dois termos que estão sendo analisados: o que significam, então, sacramentum e mysterion? Como foi feita esta passagem de mysterion e sacramentum? Sacramentum exprime toda a riqueza de mysterion, ou dever-se-á fazer uma diferença quanto ao seu conteúdo?


Continua...

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