terça-feira, 4 de outubro de 2011

MISSÃO: Qual é a sua?

Neste mês de outubro, período em que a Igreja menciona, de modo especial, as missões, compartilho um texto que produzi em 2010, que foi lido durante a Vigília de Pentecostes, no Seminário Central. Na oportunidade, fiquei com a responsabilidade de falar sobre a missão em um dos momentos programados pela equipe de liturgia. Não me deram uma delimitação específica do tema missão. Poderia ser uma missão voltada para o cunho religioso, de profissional... Sendo assim, usei da criatividade e apresentei o tema missionário com o foco voltado para uma pessoa, que, naquele ano, morava conosco na casa de formação presbiteral: Dom Jan De Bie, bispo-auxiliar emérito da Arquidiocese de Malines-Bruxelas (Bélgica). Dom Jan ocupava, em 2010, os cargos de professor dos jovens propedeutas[1] e, também, diretor espiritual de alguns seminaristas (inclusive eu).
Este contato direto que tinha com o bispo belga, fez com que eu tivesse a ideia de ele ser o protagonista da mensagem que estava preparando. Logo, tendo esta oportunidade, lhe apresentei a proposta e, com muita alegria, recebi do epíscopo uma resposta positiva. 
Na conversa em que eu tive com Dom Jan, possibilitou elaborar o texto que se segue:

         A missão sacerdotal não pode ser resumida, apenas, no seu campo de atuação pastoral. Muito comum nas congregações religiosas, a experiência em outros países e continentes acaba enriquecendo as duas partes: tanto o religioso quanto a comunidade que está sendo assistida por ele.
         Em nossa realidade, como bispos, padres e seminaristas diocesanos, o experimento da missão fora do nosso país de origem foi caracterizado com um apelo do papa Pio XII, quando, em 21 de abril de 1957, ele promulgou a encíclica Fidei Donum – O dom da fé. A princípio, compreendia o envio de sacerdotes para o continente africano, mas que acabou se expandindo por diversas partes do mundo, inclusive para a América Latina.
Dom Jan De Bie e eu no Seminário Central
         Em 1957, o então seminarista da etapa filosófica Jan De Bie sentiu um forte apelo em responder a este chamamento do santo padre. Tempos depois, já como sacerdote e com uma formação específica para esta nobre missão (ser Fidei Donum), foi designado para a diocese de Potosí, Bolívia. Mas um convite de Dom Eugênio de Araújo Sales, na época o titular da Sé Soteropolitana, reforçado com o apelo do cardeal brasileiro ao seu superior belga, fez com que Jan De Bie, juntamente com os seus colegas, entre eles os padres e irmãos João e Maurício Abel, desembarcassem no Brasil. E olha que a vinda, na época padre De Bie, para o Brasil, tem um detalhe bem interessante. Segundo o próprio protagonista da história, Dom Eugênio não conseguiu levá-lo ao Brasil pelo fato dele (Dom Jan) estar sendo preparado para uma realidade diferente (lembre-se que ele havia sido formado para ir até a Bolívia). Sendo assim, Dom Eugênio tinha se organizado para voltar ao Brasil. Só que, chegando ao aeroporto, o primaz do Brasil não conseguiu voltar para Salvador, devido ao tempo ruim. Logo, ele voltou ao seminário onde estivera horas antes e ficou hospedado lá por três dias, até o clima melhorar. Neste intervalo, Dom Eugênio conseguiu convencer o superior do padre De Bie, ocasionando a sua vinda para as terras soteropolitanas. Diante disso, podemos dizer que “O acaso é a lógica de Deus[2]”.
         O decreto Presbyterorum Ordinis, número 10, resume muito bem este chamado para a missão: O dom espiritual recebido pelos sacerdotes na ordenação, não os prepara para uma missão limitada e restrita, mas sim para a missão imensa e universal da salvação “até aos confins da Terra”. 
       Dom Jan De Bie: MUITO OBRIGADO por nos mostrar um exemplo de vida e missão. Deus te abençoe! 

Cabe a nós plantarmos esta semente em nosso meio, acolhendo o convite do Espírito para servir com alegria onde nós estivermos. O barco segue o seu caminho de acordo com a direção do vento. E você já está sendo guiado por esta nobre brisa chamada DEUS? Sem Ele, nossa vida (enquanto pais, mães, religiosos(as)) não tem sentido. Naveguemos em direção a este porto seguro!



[1] Jovens que estão no primeiro ano de seminário, também conhecido como Propedêutico.
[2] Otto Friedrich Walter.

3 comentários:

  1. Parabéns Rosalvo pela riqueza e beleza do texto!!Só realmente quem possui um coração nobre e repleto do Amor de Deus consegue expressar em palavras o DOM DA FÉ!!!Vc é exemplo vivo no nosso meio!!Deus o conserve eternamente assim!!

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  2. Parabéns, Zalvão... rsrs... Gostei muito de seu blog e ficou muito boa sua imagem no layout... É,de fato, vc já assumiu mesmo sua identidade de logo né? rsrs...
    Valeu! Um abraço!

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