terça-feira, 18 de outubro de 2011

A árvore, o livro e o filho

Em uma noite de agosto de 2010, encontrava-me na Paróquia Nossa Senhora de Nazaré, em Salvador, minha Paróquia de origem, para participar da santa Missa em ação de graças pelo dom da vida do Cônego Juraci Gomes de Oliveira. Sempre que possível, eu e um grupo de amigos seminaristas fazemos uma homenagem a este sacerdote em duas datas especiais: no seu aniversário natalício e no dia 03 de novembro (aniversário de ordenação presbiteral). Coube a mim, no aniversário de agosto, realizar uma pequena ação de agradecimento ao Cônego Juraci. Porém, nada vinha em mente. Os dias foram passando, o aniversário chegado e... nada! O que fazer? O que dizer? O que cantar? O que inventar? Nossa! Nesta ansiedade de fazer algo novo, tinha esquecido que eu poderia aproveitar algo que já tinha experimentado e, com uma boa adaptação, cairia muito bem na vida do Cônego: as historinhas que eu ouvia na minha infância.
Foram vários os contos que escutei quando criança. Um deles me chamava bastante atenção: referia-se à árvore, ao livro e ao filho. Abaixo, está o escrito que foi lido, na íntegra, no aniversário natalício do Cônego Juraci, em 2010, e que ilustra, um pouco, o tema que dá título ao texto que estamos lendo. Com pequenas adaptações, podemos compreender o verdadeiro sentido desta historinha: 

Quando eu era pequeno, minha mãe sempre contava histórias para mim, assim como as outras mães fazem com os seus filhos. De todas elas, a que mais me chamava atenção era a da árvore, do livro e do filho. Creio que, se não todos, a maioria já conhece esta história. Minha mãe dizia assim: “Uma pessoa nasce para cumprir com três objetivos: plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho...”. Eu, com meus 05 ou 06 anos, no máximo, não conseguia associar estas três coisas à vida de uma pessoa. O que um filho tem a ver com um livro e, consequentemente, com uma árvore?
         Logo, surgiram diversas perguntas naquela pequena mente juvenil: O que acontece, então, com a pessoa que não consegue cumprir com tais objetivos? Um... Ter resposta para isto é um pouco complicado, principalmente quando é para explicar a uma criança de 06 anos. Lembro-me de que a primeira compreensão que eu tive do assunto foi a seguinte: plantar uma árvore ajuda no reflorestamento. Escrever um livro ajuda no aprendizado e, por fim, ter um filho é importante para perpetuação do homem na Terra.
         O tempo foi passando. 15 anos depois, no meu primeiro ano de seminário, em uma oficina de pensamento crítico, me deparei, novamente, com esta história. Lembrei-me da primeira interpretação que tive deste conto. Ora, já que eu estava em uma atividade em que a prioridade era trabalhar o nosso raciocínio, lancei para mim mesmo, uma proposta: vou fazer uma nova leitura desta história, já que muitos anos e inúmeros fatos já passaram diante de mim. Devo amadurecer esta ideia. Logo, surgi com três questões: Será que a nossa missão é, de fato, plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho? A pessoa que idealizou isto não se equivocou em algum ponto? Qual a conclusão que faço hoje?
         A árvore seriam as obras que construímos no nosso planeta, independente de ser algo material ou não. Os nossos amigos, nossas ações, um método para se viver feliz são exemplos de árvores, onde podemos colher bons frutos. O livro consiste nos ensinamentos que deixamos para as futuras gerações. Questões éticas, de disciplina... Enfim, pontos referenciais que devem sustentar a nossa sociedade. O mundo deve ter fortes alicerces, que são caracterizados por estes livros que escrevemos. Por fim, vêm os filhos. E quem seria esta prole? São aqueles aos quais nós apresentamos as árvores, mostrando nossas obras, para que, no futuro, possam colher os bons frutos de nossas ações, fazendo com que, no final, continuem produzindo produtos de qualidade. Os filhos leem os livros, herdando a moral e os referenciais deixados pelos pais. Assim, passamos esta herança para os nossos sucessores, a fim de ser cidadãos dignos e capazes de promover o bem estar dos seus semelhantes.
Eu e o Côn. Juraci no Seminário Central
         E o que isto tudo tem a ver com o Cônego Juraci? Eu, na condição de seu vocacionado, me arrisco a fazer tais definições: a árvore ele vem cuidando diariamente. Em todos os lugares por onde ele passa, podemos colher os bons frutos que ele plantou. O livro são os ensinamentos que ele deixa para o povo de Deus, seja na confissão, na direção espiritual ou, até mesmo, em uma conversa informal. Filhos? Podemos observar em grande número por aí. Religiosas, diácono, sacerdotes, seminaristas e leigos. Muitos são aqueles que o têm como pai. Em nossa Arquidiocese, temos inúmeros exemplos. Um sacerdote daqui de Salvador deu um belo testemunho, afirmando que o Cônego Juraci é o pai de muitas vocações. Eu, por exemplo, me incluo nesta lista.
        
Diante destas simples ações, que tipo de árvore estamos plantando? A terra e as sementes para o plantio são boas? Qual o conteúdo dos livros que estamos escrevendo? O nosso ensinamento está sendo útil para um mundo melhor? Estamos nos responsabilizando em construir boas obras e ensinar aos nossos filhos aquilo que temos de melhor? Cordialidade, generosidade, questões que envolvem o bom uso da ética estão na grade curricular na educação dos nossos sucessores? Para o hoje e o amanhã serem dias melhores, é necessário um simples elemento: a fidelidade a Deus e ao próximo!

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