quarta-feira, 1 de agosto de 2012

VISITA À CATEDRAL BASÍLICA DE SALVADOR: MINHA RESPOSTA É SIM!


Se um dia eu escrever um livro, com certeza este será o primeiro texto de minha obra. Ele estará na frente dos demais escritos não por uma razão cronológica (o primeiro a ter sido feito), mas por uma questão afetuosa, pois ele fala a respeito do meu SIM, uma simples resposta que modificou inteiramente a minha vida (e para melhor).

Tudo começou em dezembro de 2006, quando decidi fazer uma experiência religiosa no Seminário Arquidiocesano de Salvador/BA. No ano seguinte, ingressei no grupo vocacional da Arquidiocese, que visava apresentar aos jovens um pouco da vivência em uma casa de formação presbiteral, o carisma do Padre Diocesano, entre outros aspectos essenciais na vida de um vocacionado. Em média, de março a dezembro de 2007, período de duração da formação dos candidatos ao seminário, 14 jovens participaram dos encontros vocacionais.
Neste período, o laço de amizade entre os vocacionados aumentava. Brincadeiras, partilhas, visita às famílias... Tudo isso eram motivações para, juntos, seguirmos em direção à messe do Senhor. Certo dia, no intervalo de um encontro, que era realizado no Centro Vocacional Dom Lucas Moreira Neves (CVDL), no bairro do Garcia, em Salvador, decidimos que, juntos, visitaríamos as comunidades paroquiais de cada jovem. Sendo aprovada esta ideia, passeamos pelas paróquias dos vocacionados de Salvador e região. Conhecer as raízes vocacionais de cada amigo, as suas comunidades, os paroquianos que rezam por nós, eram elementos que deixavam o coração de cada um em chamas! Por fim, um de nós, ao final de cada missa, lia um pequeno texto, agradecendo ao pároco e à comunidade pela acolhida e motivando aquela Paróquia a rezar pelas vocações sacerdotais. Eu fui escalado para produzir e ler o texto na nossa última visita, realizada na Catedral Basílica de Salvador. Abaixo, está o material que foi lido naquela manhã de 16 de dezembro de 2007:

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo. Bom dia a todos da Paróquia da Transfiguração do Senhor, Catedral Basílica de São Salvador da Bahia. Nós, candidatos ao Seminário Propedêutico em 2008, estamos encerrando, hoje, na Igreja-Mãe de nossa Arquidiocese, as visitas às comunidades de cada um dos vocacionados que participaram conosco do Processo Seletivo no presente ano.
         Desde a 1ª visita que fizemos, no início de outubro, no Bairro da Paz, até hoje, 16 de dezembro, observamos a diversidade cultural que existe nas paróquias de nossa arquidiocese. É uma pluralidade que nos leva a um objetivo comum: a um só Deus e a um só Salvador.
         Através da decisão de fazer uma experiência vocacional em vista do sacramento da Ordem, sentimento este que cada um viveu, primeiramente, nas suas comunidades de origem, transformamos a nossa heterogeneidade em um sentimento unitário, que é servir o nosso Pai através do sacerdócio, assim como Melquisedeque, sacerdote do Deus vivo (cf. Gn. 14, 18). Logo, estaremos partindo para uma longa caminhada, um discernimento vocacional, onde somos chamados a trabalhar na vinha do Senhor, assim como o vocacionado desta Paróquia.
         Como ele, nós também iremos deixar nossas casas, pais, irmãos e amigos por causa do Deus vivo e do Evangelho. Por isso, pedimos a bênção do Senhor e as orações de todos vocês, para nos fortalecer nesta nova etapa da história de cada um de nós. Que no final dessa trajetória todos possamos ser sacerdotes santos, capazes de pastorear o povo de Deus e de nossa Arquidiocese.
         Deus seja louvado!

Turma de 2008 que ingressou, comigo, no Seminário. Aqui,
em 2012, nos reunimos novamente, para lembrarmos,
com muita alegria, aquele 16 de dezembro de 2007. 
Além do meu sim, este texto faz com que eu reflita algumas questões: a primeira é o chamamento para a missão. Há dois mil anos, Cristo fez um convite a várias pessoas. Elas vinham de um berço familiar, um histórico profissional e uma personalidade totalmente diferente uma das outras. E hoje, será que mudou alguma coisa? Por isso, diante de tantas definições acerca do Filho de Deus, gosto de dizer que Jesus é o maior gestor de pessoas que existe. Ele é, e será, o único capaz de fazer com que pessoas que, aos olhos dos homens, dificilmente poderiam viver juntas, por causa dos seus diferentes pontos de vista acerca da vida, comunguem, unidas, um mesmo ideal: a santa Eucaristia!
O segundo ponto é sobre a vocação. Você tem ouvido Deus falar consigo? Já fez o discernimento acerca do caminho que deseja trilhar? Coragem! Deus não nos deu espírito de medo, mas um espírito de força, de amor e de sobriedade (2Tm 1,7).
Por fim, o terceiro ponto refere-se àqueles que já estão em uma caminhada vocacional, seja ela sacerdotal, religiosa, laical ou matrimonial. Em todas as circunstâncias da vida, a dificuldade pode bater à nossa porta. Problemas referentes à saúde, dificuldade no relacionamento com o próximo, aridez espiritual são alguns dos exemplos de problemas que podemos enfrentar. Porém, se enfrentarmos estas turbulências, segurando nas mãos do Senhor, sairemos delas revigorados e fortalecidos. Logo, seremos exemplos vivos a todas as pessoas que se dirigirem até nós em busca da solução de um problema que estão vivendo e que, com a graça de Deus, nós enfrentamos e vencemos.
Se, por um acaso, cairmos nas ciladas do inimigo, no que se refere ao nosso projeto de vida, fazendo com que a desmotivação tente entrar no nosso coração, devemos sempre fazer uma anamnese dos nossos primeiros passos vocacionais. Assim, se a caminhada começar a perder sentido, devemos nos lembrar, e viver, o nosso primeiro amor, voltar àquela experiência que nos cativou desde o início, que fez com que abandonássemos tudo em busca deste ideal.

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